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sexta-feira, 24 de junho de 2011

Tenha idade mas nao seja velho


Poupe um pouco para sempre ser independente financeiramente.
Não precisa ser muito, não comprometa o prazer que o dinheiro pode lhe dar em razão de um tempo maior de velhice,
que pode até não acontecer, se você morrer breve.

Além disso, um idoso não consome muit
o além do plano de saúde e dos remédios. Provavelmente você já tem tudo e mais coisas só lhe darão trabalho.

Pare também de se preocupar com a situação financeira de filhos e netos. Não se sinta culpado em gastar consigo mesmo o que é seu de direito.

Provavelmente você já lhes ofereceu o que foi possível na infância e juventude, assim como uma boa educação.

Portanto, a responsabilidade agora é deles.

Não seja arrimo de família, seja um pouco egoísta, mas não usurário.

Tenha uma vida saudável, sem grandes esforços físicos. Faça ginástica moderada, alimente-se bem, mas sem exagero.

Tenha a sua própria condução
,até quando não houver perigo.

Nada de estresse por pouca coisa. Na vida tudo passa, sejam os bons momentos que devem ser curtidos, sejam os ruins que devem ser rapidamente esquecidos.

Namore sempre, independente da idade, com sua "velha" companheira de caminhada. O amor verdadeiro rejuvenesce. As "Maria-gasolina" estão por ai e, um idoso, mesmo da classe média, é sempre uma garantia de futuro para as espertalhonas.

Esteja sempre limpo, um banho diário pelo menos, seja vaidoso, freq
uente barbeiro, pedicure, manicure, dermatologista, dentista, use perfumes e cremes com moderação e por que não uma plástica?

Já que você não é mais bonito, seja pelo menos bem cuidado.
Nada de ser muito moderno, tente ser eterno.
Leia livros e jornais, ouça rádio, veja bons programas na TV, acesse a internet, mande e responda e-mails, ligue para os amigos. Mantenha-se sempre atualizado sobre tudo.

Respeite a opinião dos jovens, eles podem até estar errados, mas devem ser respeitados.

Não use jamais a expressão "no meu tempo", pois o seu tempo é hoje.

Seja o dono da sua casa por mais simples que ela possa ser, pelo menos lá você é quem manda. Não caia na besteira de morar com filhos, netos, ou seja lá o que for.

Não seja hóspede, só tome esta decisão quando não der mais e o fim estiver bem próximo.

Você está no período do ronco e da flatulência.

Um bom asilo também não deve ser descartado e pode até ser bem divertido, e você irá conviver com a turma da sua geração e não dará trabalho a ninguém.

Cultive um "hobby", seja caminhar, cozinhar, pescar, dançar, criar gato, cachorro, cuidar de plantas, jogar baralho, golfe, velejar ou colecionar algo. Faça o que gosta e os seus recursos permitam.

Viaje sempre que possível, de preferênci
a, vá de excursão, pois além de mais acessível, pode ser financiada e é uma ótima oportunidade para se conhecer novas pessoas.

Aceite todos os convites de batizado, formatura, casamento, missa de sétimo dia, o importante é sair de casa.

Fale pouco e ouça mais, a sua vida e o seu passado só interessam a você mesmo. Se alguém lhe perguntar sobre esses assuntos, seja sucinto e procure falar coisas boas e engraçadas. Jamais se lamente de algo.

Fale baixo, seja gentil e educado, não critique nada, aceite a situação como ela é. As dores e as doenças estarão sempre presentes; não as torne mais problemáticas do que são falando sobre elas. Tente sublimá-las, afinal, elas afetam somente a você e são problemas seus e dos seus médicos.

Não fique se apegando a religião, depois de velho, rezando e implorando o tempo todo como um fanático. O bom é que,em breve, seus pedidos poderão ser feitos pessoalmente a ele.

Ria, ria muito, ria de tudo, você é um felizardo, você teve uma vida, uma vida longa, e a morte será somente uma nova etapa incerta, assim como foi incerta toda a sua vida.

Se alguém disser que você nunca fez nada de importante, não ligue.
O mais importante já foi feito: Você!

quinta-feira, 16 de junho de 2011

O amor

Se você conseguir em pensamento sentir o cheiro da pessoa como se ela
estivesse ali do seu lado... se você achar a pessoa maravilhosamente linda,
mesmo ela estando de pijamas velhos, chinelos de dedo e cabelos
emaranhados...

Se você não consegue trabalhar direito o dia todo, ansioso pelo encontro que
está marcado para a noite... se você não consegue imaginar, de maneira
nenhuma, um futuro sem a pessoa ao seu lado...

Se você tiver a certeza que vai ver a pessoa envelhecendo e, mesmo assim,
tiver a convicção que vai continuar sendo louco por ela... se você preferir
morrer antes de ver a outra partindo: é o amor que chegou na sua vida. É uma
dádiva.

Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes na vida, mas poucas amam ou
encontram um amor verdadeiro. Ou às vezes encontram e por não prestarem
atenção nesses sinais, deixam o amor passar, sem deixá-lo acontecer
verdadeiramente.

É o livre-arbítrio. Por isso preste atenção nos sinais...

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Amigo de aluguel



Alguns dias atrás, lendo o jornal, deparei-me com um anúncio curioso nos classificados. Um daqueles grandes, diferenciados, que de imediato tomou minha atenção, ainda mais quando li que o serviço oferecido era o de personal friend, ou amigo de aluguel, se preferir. Nos dias que se seguiram pude perceber que a prática -até então por mim desconhecida- tem se popularizado, e o número de adeptos já não a caracteriza como um caso isolado, mas sim como um exemplo contundente das relações interpessoais de nossa época. O personal friend é um serviço idealizado para pessoas tímidas ou que tenham dificuldades em fazer amizades. Basta um telefonema para por fim aos momentos de angústia e solidão, pois o amigo de aluguel vai ao seu encontro, a qualquer hora e em qualquer lugar, para conversar sobre qualquer assunto, mesmo aqueles que não se conversa com ninguém. O encontro pode durar de cinquenta minutos a duas horas, e os preços variam de oitenta a trezentos reais. Cabe lembrar que as despesas do passeio, tais como alimentação e transporte, ficam a cargo do contratante. Com um pouco de imaginação é possível enumerar algumas situações em que a prestação desse serviço caia como uma luva; aquela vontade súbita de jogar buraco as três da manhã, as compras de véspera de natal no shopping center lotado ou mesmo o processo de renovação da carteira de motorista são três ótimos exemplos de atividades cuja realização torna imprescindível companhia, ainda que seja pagando. De cara achei uma ótima oportunidade profissional para pessoas com tempo e paciência de sobra. Do jeito que a coisa anda, muita gente aceitaria acompanhar um “mala” para faturar um troco e ainda ganhar a entrada do cinema e o lanche de graça. Não existe muita diferença entre essa forma de amizade e a tão difundida presença vip das celebridades nas festas e inaugurações Brasil afora. Pense bem: o artista chega no horário determinado, tira fotos com o dono da festa, ouve meia hora de conversa fiada, finge que conhece todo mundo, toma champanhe, belisca os canapés e sai de fininho, à francesa, com o bolso cheio. Talvez os primeiros casos de amigo de aluguel da história tenham ocorrido quando galãs de novela passaram a freqüentar festas de quinze anos. Não se sabe exatamente como essa moda começou, mas, desde os primórdios da televisão, jovens atores costumam incrementar suas rendas dançando valsa com debutantes abastadas. No dia da assinatura do contrato com a emissora convém já tirar as medidas do smoking para não perder nenhuma futura oportunidade. O traje a rigor pode custar caro, mas é investimento garantido.

Para os que não são famosos nem bonitos resta anunciar nos classificados e foi lá que encontrei o telefone do personal friend Carlos.

Achei que seria importante para o texto fazer contato com um desses profissionais a fim de compreender melhor como o serviço funciona. Dei vazão a minha porção jornalista investigativo e não hesitei em telefonar para o número indicado.

Carlos atendeu com voz cordial e simpática, condizentes com seu nome, que, aliás, havia me soado bastante amigável desde o princípio. Ele me perguntou se eu sabia como funcionava a amizade de aluguel, respondi que não, apenas para deixá-lo explicar. Pelas palavras empregadas percebi que o personal friend já deve ter sido confundido com outro tipo de acompanhante, o que me parece bastante compreensível.

Carlos foi atencioso porém distante, até porque, caso fosse muito receptivo pelo telefone, já estaria trabalhando sem receber. Fez perguntas genéricas apenas para assegurar que não tratava com um psicopata; quis saber o que eu fazia, quantos anos tinha. Disse que precisava deixar claro que não era psicólogo, mas que poderíamos conversar sobre o que eu desejasse. Informou que não aceitava cheques e que o encontro deveria ocorrer em local público. Prontificou-se a sugerir um lugar dependendo de onde eu morasse. Respondi que ainda precisava pensar sobre o assunto, agradeci e desliguei. Concluo que o amigo de aluguel pode ser uma boa opção para quem teve ou ainda tem problemas com amizades surgidas de maneira convencional. Empenhando algum dinheiro deve ser possível desenvolver cumplicidade, o que não chega a ser fato inédito quando se vive numa sociedade de consumo. O personal friend pode nunca chegar a ser um amigão de verdade, mas assim, às claras, pelo menos evita-se a decepção com um bando de amigo-da-onça solto por aí. A vantagem, nesse caso, é que a sinceridade pode ser acordada e garantida.